sábado, 25 de fevereiro de 2012

Procurando Abrigo A luz que mal iluminava meu rosto refletia a caneca daquele moço, velho caboclo de modo ranzinza, ele sorria mostrando todo ouro garimpado, seu mel engarrafado, caféplantado e muito terreno arado, pronto para receber semente. O paraíso do velho caboclo, nesta noite era meu refugio, após algumas doses, o inebrio causado pelo destilado da cana, me mostrou onde nesta noite seria minha cama, um barracão bem simples e humilde. O caboclo se comunicava muito pouco e sem muito insistir mostrou o prato bem ali, encima da mesa bonita de madeira velha, cheio de carne salgada, e não me dei ao luxo de perguntar que carne era aquela,estava apenas satisfeito de ter algo pra comer, e mais um dia poder jantar. Aquela noite foi uma noite tranqüila, pois a muito não dormira, enquanto o sereno lá fora caia sobre as arvores, o sol começava a apontar na serra da canastra, como um bom caboclo, o café já cheirava às quatro da manhã, ao abrir os olhos tive a mais bela lembrança que está registrada em minha memória, aquela arvore... Que abrigava uns seis pares de tucanos que ali se agitavam. Logo me levantei, peguei minhas coisas, enrolei uma palhinha e sai pitando de volta aquela estrada que novamente me abrigava, envolto numa neblina, o asfalto que ainda molhado pelo sereno, só se via caminhões que levavam trabalhadores para o café, essa foi minha estória duma cidade chamada campinópolis, terra de igreja abandonada e homens acolhedores, e tucanos que ainda voam livres. Caminhei pela BR que leva a Serra da Canastra cidade de São Roque de Minas a cidade de Piui, quase divisa com São Paulo, segui caminhando atéchegar num pequeno ponto de parada, mal deu tempo de pegar água, já fui logo ganhando carona de um caboclo que industrializava queijos, naquela Kombi branca dividindo o assento com uma maquina de embalar queijos, maquina de embalar a vácuo, imagine só! Tive que caminhar uns 120 km para poder ganhar uma carona, carona na estrada não é uma coisa muito comum, mais vale comprar uma bicicleta daquela barra-forte, comum o maluco estar caminhando pela estrada como sua mochila pesada, parar um caminhão e perguntar: _E ai maluco, quer uma carona? E o maluco responder... _Não obrigado estou com pressa!

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